sexta-feira, 19 de junho de 2009

Do Rei

O tempo escasso e o maldito costume de deixar as coisas para a última hora me fazem estar aqui escrevendo, quando meu corpo pede mais é uma cama. Pensei muito sobre qual tema escreveria e resolvi buscar uma inspiração quase que transcendental. Falar sobre algo, ou melhor, alguém que pra muitos nem conta... de tão bom que foi, falar do melhor que teve no Peixe, não só no Peixe mas em todo o futebol brasileiro e em todo o futebol mundial. Se o nosso futebol não vai tão bem das pernas e muitos torcedores adoram provocar os colegas evocando os feitos históricos de seus times, tudo bem, agora chegou a nossa vez! O Santos teve Pelé... o rei do futebol, o atleta do século.

Procurando vídeos sobre Pelé no Youtube, li nos comentários de um deles uma frase interessante escrita em espanhol. Dizia mais ou menos assim: do mesmo jeito que os melhores roqueiros são os dos anos 70, os melhores futebolistas surgiram nos anos 50. Concordando ou não, penso que apesar de termos bons craques vai ser difícil alguém bater Edson Arantes do Nascimento.

Lembro-me bem quando me dei conta de quem era o Pelé, pela primeira vez na vida. Foi na Copa de 1994 quando ele comentava com a equipe do Galvão Bueno na Rede Globo. A minha inocência de criança de 4 pra 5 anos perguntou a meu pai quem era aquele cara e por que nas chamadas das transmissões chamavam-no de rei. Meu pai disse que era por que ele jogava muito! E jogava! Não tive a oportunidade de vê-lo atuando, mas hoje com uma busca na internet é possível conferir pedaços dessa importante parte da história do Santos e do futebol brasileiro.

Imagina se hoje tivéssemos um jogador do nível de Pelé atuando. Claro que temos bons atletas, mas Pelé conseguiu ser bom numa época em que o futebol não tinha a badalação, o marketing, a mídia e os salários que tem hoje. Muito menino por aí que tem um pouco de habilidade às vezes acaba se queimando quando querem compará-lo com Pelé. Tem jogador que faz de tudo para aparecer em frente às câmeras. Pelé fez o gol mais bonito da carreira sem nenhuma delas. Foi na Rua Javari, em 02 de Agosto de 1959 (trinta anos antes de eu nascer). O Rei aplicou quatro chapéus seguidos. Não havia câmeras no local, mas com a tecnologia, a equipe de Aníbal Massaini, que dirigiu o filme Pelé Eterno conseguiu reconstruí-lo:






Dois anos mais tarde, o pessoal parece que começou a se dar conta de que não podia ter jogo com Pelé sem câmera. No Maracanã tinha 5 só para registrar o jogo entre Fluminense e Santos. E essas câmeras filmaram um momento histórico do futebol : o nascimento do “Gol de Placa”. Só que quando dizem que brasileiro não tem memória... cadê? Simplesmente todos os registros da façanha sumiram. Só sobraram fotos e a narração radiofônica. Uma atrocidade ao futebol. Aníbal Massaini também o reconstruiu, tendo Toró, sim o meia do Flamengo, que na época das filmagens era júnior do Fluminense como Pelé. É...Toró sendo Pelé... só no filme mesmo por que na vida real ta difícil (risos). Sobre isso esse post na coluna Memória EC
E olha que curioso: acabei de descobrir também que Pelé esteve presente na história do telejornalismo brasileiro. Em 1969 ele foi manchete no primeiro Jornal Nacional, programa que até hoje é o jornalístico mais assistido da TV brasileira.



Pelé ainda conseguiu tornar bonito e histórico até o gol que não fez. Claro que seu forte era fazer gols. Mas ele tornava antológico até o seu não fazer. Quem sabe um dia o Obina não consiga hein?!



Que ele jogou muito ninguém contesta, mas apesar de ser um ídolo do futebol Pelé normalmente não é muito reconhecido pelo seu lado palpiteiro. Pelé fez mais de mil gols, aqui o histórico milésimo na voz de Joseval Peixoto:




Pelé fez 1284 gols, querendo ir nos passos do Rei, Romário fez 1001. A perseguição do baixinho ao milésimo gol foi tanta que os dois chegaram até a trocar farpas quando na cegueira pelo milésimo Romário, que já era dado por alguns como acabado queria continuar jogando. Pelé disse à imprensa que ele devia parar. Diz o velho ditado: quem fala o que quer, ouve o que não quer:



Diz o folclore do futebol, que até discos voadores teriam vindo de planetas distantes para ver o Rei do Futebol jogar. Lendas à parte sabe-se que neste planetaP afora certamente o rei não é majestade na Argentina. Lá quem dá as cartas é Maradona que fez até gol de mão em Copa do Mundo. Essa talvez seja a maior rivalidade entre jogadores de futebol já existente na história do esporte. Quando Dieguito estava no auge Pelé já tinha parado. Fica a dúvida. Pesa contra Maradona seu envolvimento com as drogas.





Como diria Luiz Trevisan, resumo dessa balada... falar de Pelé é falar da história de um mito. Falar de times praticamente imbatíveis, mas também falar de polêmica e controvérsia. Mais de 50 anos depois do início da carreira de Pelé a minha dúvida de quem não o viu jogar é só uma: o Pelé se jogasse hoje seria o Pelé?
A resposta fica no ar!

Nenhum comentário:

Postar um comentário